Grande parte da
população sendo cristã ou não, conhece a história de Adão e Eva os primeiros
pais da humanidade que viviam em lugar perfeito chamado o jardim do Éden. E
neste lugar Deus havia ordenado que dentre todos os frutos que estavam ali, o
único que não poderia ser comido era o que crescia na árvore da Ciência do Bem e do Mal.
Todos sabem o desfecho
dessa história, que termina com a queda do ser humano, não apenas do casal
bíblico, mas de toda a humanidade, que recebe a marca iníqua e passa a ser imperfeita e dependente da ação
redentora de Cristo para que possa mais uma vez entrar em estado de perfeição e
alcançar a glória de Deus.
O que poucos sabem é
que esse conceito de pecado original e marca iníqua, que faz com que todos os
seres humanos nasçam pecadores natos (leia o texto sobre O Limbo), indignos de
ir para o céu, é que apenas no século III, o teólogo São Tomás Aquino
apresentou essa teoria, pois até
então se acreditava que todos nasciam puros.
Logo, os estudiosos
daquela época disseram que a luxúria e a relação sexual transmitiam o pecado, e
consequentemente cada pessoa se tornava pecadora por natureza, essa associação
com o sexo, trouxe diversas interpretações do que seria o tal pecado original,
uma das relações mais interessantes é do evangelista americano William Marrion
Abraham (1909 -1965), que baseado em tradições
apócrifas judaicas e gnósticas, ele afirmava ter recebido a revelação
particular de que o Pecado Original teria sua origem no fato de Eva ter
copulado com a serpente, a qual introduzira nas gerações humanas sua semente,
dando origem à posteridade de Caim, a qual contaminou toda a humanidade.
A psicanálise também
relaciona esse ato (pecado) ao sexo, porém a bíblia em diversos trechos
incentiva o ato sexual, como na parte que diz, crescei e multiplicai, se o pecado fosse de fato o sexo, neste
trecho Deus estaria incentivando sua continuação, por isso essa hipótese é
amplamente descartada.
Mas ainda dentro da
psicanálise, temos uma hipótese muito interessante, que retira o significado místico do evento e com uma óptica
antropológica lhe dá um aspecto humanista compatível com a ciência, que diz: até atingir a fase da "civilização" o homem
vivia no "estado de natureza", em oposição ao "estado de
cultura", explicação essa totalmente compatível com o evolucionismo
darwinista. O comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal seria o
divisor de águas, ou seja, a ruptura da comunhão entre o ser humano e a
natureza. A partir de então o homem passou a reconhecer-se como separado e
independente da natureza, adquirindo consciência de sua morte e finitude,
adotando valores, crenças e objetivos independentes da natureza. Deu-se a
traumática transição do animal para o hominal, como definia Teilhard de Chardin.
Essa explicação antropológica
é muito interessante, pois faz relação ao nome Árvore da Ciência do Bem e do Mal, assim demonstrando que o
desenvolvimento humano foi o ponto chave para sair do estado de imaturidade
mental e se distinguir dos outros animais, podemos até dizer que, a partir do
momento que o homem em relação a essa teoria antropológica come do fruto
proibido (sai do estado irracional), ele cria Deus e todos os outros métodos e
dilemas sociais e individuais.
Mas para os crentes na
bíblia, no século XII, acreditava-se que o batismo era a única forma de
absolvição, pois, nas escrituras principalmente nas epistolas do apóstolo Paulo
o pecado original é assim resumido: “Pois
como o pecado entrou no mundo por um só homem e, por meio do pecado, a morte; e
a morte passou para todos os homens, por que todos pecaram...”. Logo a
ideia de perdão foi de suma importância para todas as vertentes do
cristianismo. Este que só viria pelo batismo.
No islamismo e judaísmo
não há a crença do pecado original (estas duas crenças tem a história de Adão e
Eva como verdadeira), acreditam que todos nascem puros, apesar de receber o
toque do Diabo, o que nos torna imperfeitos.
E no judaísmo o que se
crê que foi passado de geração em geração foi o envelhecimento e a morte.