terça-feira, 9 de junho de 2020

Idolatria - A Capacidade de Achar Deus




Idolatria no sentido religioso é o ato de venerar ao atribuir um aspecto divino a todo ser animado ou inanimado que não foi estabelecido pela religião vigente. Ou seja, qualquer adoração alheia ao Deus estabelecido é considerada pecado ou em outras épocas ou em sociedades teocráticas, um crime, como era o caso do Judaísmo onde o pecado da idolatria era punível com o apedrejamento.

O Sol, a Lua e todos os outros astros e estrelas foram os primeiros objetos de adoração. Fragmentos de meteorito também foram muito buscados e venerados como deuses, sendo o mais famoso que temos hoje A Pedra Negra também conhecida como Caaba, um lugar atualmente sagrado apenas para os mulçumanos, mas que antes de Maomé era ponto de adoração de 365 divindades de várias religiões, onde peregrinos de todas as crenças, inclusive cristãos, faziam oferendas. Pois acreditam que aquilo era uma mensagem do(s) Deus(es). Outra história interessante é sobre a pedra sagrada de Delfos, na Grécia Antiga, ela era ungida com óleos, envolvida em fina lã e decorada com uma coroa, pois se pensava que o próprio Zeus havia lançado essa pedra do Olimpo para marcar o cento do mundo. 

A idolatria foi uma prática totalmente aceita pelas religiões politeístas que após o surgimento do monoteísmo foi criminalizada, no entanto, o ser humano sempre atribuiu uma visão espiritual ao mundo, antes mesmo que se estabelece o pensamento religioso que de certa forma contribuiu para a consolidação social dos povos; a prática do animismo, que também pode ser considerada idolatria apesar de nesse pensamento haver mais uma conexão com espiritual do que propriamente adoração, essa filosofia foi a base para o surgimento das religiões panteístas que deram inicio ao pensamento religioso e também as filosofias que usam esse pensamento (para ler o texto sobre animismo clique aqui). Com isso, pode-se concluir, que apesar de parecer estranho ao mundo ocidental a adoração de mais de uma divindade ou atribuir o sagrado a objetos, esse pensamento foi muito importante para consolidação da identidade dos povos mais antigos.

Atualmente podemos analisar a idolatria com uma visão mais humanística, esta que pela conjuntura social em que vivemos, acaba sendo aceita até nos meios religiosos, pois, apesar de não atribuirmos aspectos divinos as coisas, acabamos criando certa adoração a objetos e pessoas (leia o texto sobre o culto a personalidade clicando aqui); uma adoração no sentido de dependência, que diferente dos pagãos que pelo seu grande número de deuses e objeto e modos ritualísticos acabavam por ter uma cultura mais rica fazendo com que todo tipo de arte fosse mais valorizado, nós por outro lado, nos tornamos cada vez mais padronizados e com uma cultura global baseada no Ter. Arrisco-me a dizer que o Dinheiro é o Deus moderno, não só em seu aspecto natural, mas em tudo aquilo que ele possa representar, desde aparelhos da moda até celebridades (algo interessante de se notar é que em vários vídeo-clips de cantoras pop podemos ver um verdadeiro culto ao dinheiro, e há uma vertente de economistas que se referem ao mercado financeiro como O Deus Mercado). Diferente dos povos antigos que buscavam a iluminação e as respostas para a existência, mesmo que de forma simples. O homem atual, independente de sua religião, se tornou idolatra do materialismo e o consumo é seu ritual.

Por isso, por mais que seja difícil para você compreender a crença de uma pessoa, ou o motivo dela ter tantos deuses, a respeite, pois a espiritualidade e até mesmo a não espiritualidade é algo pessoal e deve ser preservado. O conhecimento humano pode ainda não ter uma resposta para as questões metafísicas, mas a pluralidade de pensamento e o conflito saudável de ideias têm si mostrado o melhor e mais rápido caminho para o desenvolvimento humano.


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