terça-feira, 9 de junho de 2020

Síndrome do pequeno poder




O mundo está cada vez mais hierarquizado, no entanto, as formas de dominação são as mesmas do passado. Raramente existe uma situação de comando apenas focada no objetivo, sem que o encarregado da chefia use sua posição em benefício próprio ou de forma agressiva, tanto para fins emocionais como satisfação do ego, ou para fins materiais como tirar vantagem em algum processo jurídico.  
Apesar de o autoritarismo ter teoricamente ficado apenas destinado ao militarismo, e o conceito de líder ao invés de chefe ser o novo padrão nas empresas e nos cursos de motivação empresarial e administração e ramificações da mesma. É nítido para qualquer um que várias pessoas em situação de destaque ou que eventualmente por razão social e hierárquica mude sua postura, infligindo as noções éticas e morais da mesma.
Muitas pessoas associam essa mudança comportamental a fatores unicamente individuais, mas estudos compravam que a síndrome do pequeno poder está relacionada a um distúrbio psicossocial, ou seja, nossa própria sociedade competitiva e individualista molda os seres humanos a agir de forma patética e criminosa.   

Exemplos de Síndrome de o Pequeno Poder

Acredito que a maioria das pessoas em dado momento da vida foram vítimas desse comportamento ou até mesmo já o reproduziram.
Um exemplo de situação que expressa isso é quando um atendente nos priva de informações fundamentais para dada atividade, ou permite que outras pessoas passem a nossa frente, pelo simples motivo dele não ter gostado de alguma característica ou ideologia nossa.
Um dentista inflige dor em seu paciente para que esse (normalmente crianças) acompanhe suas ordens.
Médicos de áreas pobres humilham e negam atendimento para suas pessoas doentes.
Um chefe assedia suas funcionárias ameaçando demiti-las caso não mantenham um relacionamento com ele.
Policiais que humilham e espancam pessoas gratuitamente, ou em caso de crime praticam tortura com os detentos.
Conforme esses exemplos, acredito que muitos se identificaram, mas para não restar mais dúvidas exemplificarei o caso que melhor define a síndrome do pequeno poder, o machismo, essa prática é amparada pela nossa sociedade patriarcal e individualista que tipifica a mulher apenas como amante e empregada, fazendo com que muitos homens após o casamento se sintam donos de sua esposas, submetendo-as a diversos tipos de violência indo desde da psicológica até a física que eventualmente leva a morte.

Principais Atores dessa Síndrome

Segundo os psicólogos as pessoas que desenvolvem esse comportamento, geralmente são antigas vitimas de abuso físico ou psicológico. Sendo que isso não é regra, pois muitas das pessoas que praticam isso são pessoas favorecidas pela sociedade, a elite, que provavelmente desde cedo sempre possuiu privilégios e preparo para lidar com as situações sociais.
Então analisando percebi que a maioria das pessoas que tem a síndrome do pequeno poder são geralmente as que melhor se adaptam ao sistema vigente (e isso é dado por diversos fatores, mas principalmente os de gênero, orientação sexual, etnia, classe social, etc.), e que por isso tendem a ter atitudes mais conservadoras, temendo pela ruptura da ordem atual e dessa forma perdendo seus privilégios.

Como Prevenir

Por se tratar de uma atitude influenciada pela própria sociedade, o mais correto seria que a mesma por meio do governo criasse métodos para erradicação de tal comportamento, isso é visto no caso da lei Maria Pena, que foi criada justamente para combater a violência marital, e também temos os sindicatos e as leis trabalhistas para as questões do trabalho. No entanto, isso não é o bastante, é necessário que as pessoas criem o hábito da auto avaliação, deixem de lado clichês religiosos e pensamentos atrasados e comecem a viver a contemporaneidade, não se deixando levar pelo individualismo e também expondo as atitudes abusivas de terceiros.
 E para as pessoas que não conseguem largar esse hábito é necessária à procura de um psicólogo e em caso de trauma uma hipnoterapia poderia reverter uma possível patologia mental que prende o individuo a síndrome.

Adendo

Com o sucesso das redes sociais milhões de pessoas passam grande parte do tempo no mundo cibernético, e para ele levam suas patologias. Um exemplo disso são os famosos grupos de Facebook, onde o administrador para satisfazer seu ego humilha as pessoas e as expõe gratuitamente.

Conclusão

Com tudo que foi expresso é possível concluir que grande parte das mazelas sociais devem-se a esse comportamento, afinal, não existiria corrupção caso os empresários, políticos e membros do judiciário não usassem suas posições para subverter o sistema em seu benefício. E esse é só um exemplo das várias coisas que poderiam ser evitadas, caso as pessoas não aderissem a essa síndrome, mas lembre-se esse comportamento não é algo puramente individual, mas sim uma consequência do arranjo social vigente, todavia, somos inteligentes o bastante para evitar que isso se perpetue e assim melhorar as relações sociais.

Compartilhe esse artigo :