As religiões e
filosofias de todo o mundo sempre buscam a compreensão de tudo, ou pelo menos o
bastante para que se sintam aliviados das questões existenciais que cercam o
ser humano por diversos motivos, sejam estes por simples curiosidade ou até
mesmo o medo. No entanto, em meio a ser esse mar de questionamento que existe
desde o início da humanidade, eis que surge uma religião no fim dos anos 50 com
uma proposta diferente do que se entende por religião.
Religião esta que
tinha como proposta o Caos, uma seita baseada em que nada é
verdadeiro, o sentido e ordem não existe e a melhor maneira de se viver é por
meio da confusão.
Origem e outras explicações
Discordianismo é uma religião
baseada na adoração de Eris (também conhecida como Discórdia), a
deusa greco-romana do caos. Essa seita foi fundada em algum momento entre 1958
e 1959, após a publicação do seu primeiro livro sagrado, o Principia
Discordia, escrito por Malaclypse the Younger e Omar Khayyam
Ravenhurst, depois de uma série de alucinações compartilhadas em uma
pista de boliche.
A religião já foi relacionada
ao Zen, baseada em similaridades com
interpretações absurdistas da escola Rinzai. O discordianismo é
centrado na ideia de que ordem e desordem são ambas ilusões impostas
no Universo pelo sistema nervoso humano, e que nenhuma dessas ilusões
de aparente ordem e desordem é mais acurada
ou objetivamente verdadeira do que outra.
O discordianismo é por vezes
considerado uma religião paródia (muitos conspirólogos chamam o
discordianismo de piada disfarça de organização, mas os discordialistas contra
argumentam e dizem que se trata de uma organização disfarçada de piada). Embora
exista disputa sobre a que grau isso é verdade. Discordialistas usam humor
subversivas para divulgar sua filosofia e evitar que suas crenças se
tornem dogmáticas. É difícil estimar o número de discordialistas porque
não lhes é exigido ter discordianismo como único sistema de crenças, e porque
há incentivo a criar cismas e cabalas.
Não há consenso entre os membros, na
verdade a maioria não se conhece, pois, para eles qualquer pessoa pode ser um
discordialista, até mesmo você. Sim, muitas pessoas não sabem que são, mas para
fazer parte dessa seita basta apenas você compartilhar desse sentimento confuso
de alguma forma, como por exemplo, semeando discórdia entre seus amigos, ou até
mesmo desorganizando os livros de sua sala. Claro que um discordialista leva
isso a proporções maiores, mas em defesa do culto, eles tentam abster-se de propagar suas crenças após serem
pegos, por exemplo, depois de um atentado terrorista. Mas, a maioria dos
membros é pacífica atendo-se apenas a telefonar para sua casa a fim de causar
alguma intriga entre os familiares.
Introdução da quinta edição dos Principia
Discordia:
Se religiões organizadas são o ópio do povo,
então religiões desorganizadas são a maconha da turba lunática.
—Kerry Thornley
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A mera ideia de uma organização
Discordiana é uma contradição. Ainda assim, alguma estrutura é indicada
no Principia Discordia. O grupo mais geral, presumivelmente
incluindo todos os Discordialistas (e potencialmente outros também), é a
Sociedade Discordiana, cuja definição é "A Sociedade Discordiana não tem
definição" (Principia Discordia, página 00032). Dentro da sociedade
existem sectos do Discordianismo, cada um sob a direção de um
"Episkopos" ("supervisor" em Grego), que recebe direções
diretamente de Eris, presumidamente via sua glândula pineal.
Algumas Episkoposes têm uma cabala de
uma pessoa.
Algumas trabalham juntas.
Algumas nunca explicam.
— marginália dos Principia
Discordia, página 00032.
Discordialistas que não formam seu
próprio secto, quer participem do secto de outra pessoa ou não, fazem parte da
Legião da Discórdia Dinâmica, e podem ser chamados de Legionários. Os que
querem ser Discordialistas são informados na página 00032,
Se você quer entrar para a Sociedade
Discordiana
então declare você próprio o que deseja
faça o que quiser
e conte-nos sobre isso
ou
se preferir
não.
Não existem regras em lugar algum.
A deusa Prevalece.
POEE
O secto do Discordianismo fundado por
Malaclypse The Younger e Omar Khayyam Ravenhurst é conhecido como o Paratheo-anametamystikhood
Of Eris Esoteric (POEE), uma Desorganização Não-Profética Irreligiosa,
e os Principia Discordia nos fala muito sobre a POEE em
particular, assim como do Discordianismo em geral.
Por Exemplo, página 00022 contém —
junto com uma citação copiada a mão por Lichtenberg: "Este livro é um
espelho. Quando um macaco olha, não vê um apóstolo do outro lado." —
alguns detalhes sobre a estrutura da POEE. Em particular:
a POEE tem 5 DEGRAUS:
O Neófito, ou DISCÍPULO LEGIONÁRIO.
O DIÁCONO LEGIONÁRIO, que está
aprendendo.
Um PADRE/MADRE ordenado ou CAPELÃO da
POEE.
O SUMO-SACERDOTE, O Polipadre.
E POEE =PAPA=.
Discípulos Legionários da POEE estão
autorizados a iniciar outros como Legionários da Sociedade Discordiana. Padres escolhem
seus próprios diáconos. O polipadre ordena Padres. Eu não sei sobre os papas.
—Malaclypse the Younger, Principia
Discordia, página 00022.
De acordo com os Principia
Discordia, POEE é "uma tribo de filósofos, teólogos, mágicos,
cientistas, artistas, palhaços e maníacos similares que estão intrigados com
Eris deusa da confusão e suas travessuras." Além disso, diz que "POEE
aceita a Lei dos Cinco do secto de Omar" e "POEE também reconhece o
número sagrado 23."
Paratheo-anametamystikhood pode
ser traduzido como "deidade equivalente, revertendo além-místico",
que pode ser interpretado como "todas as deidades são equivalentes, não há
grande mistério nisso."
Papas no Discordianismo
De acordo com a página 00036 dos
Principia Discordia, um papa é "cada homem, mulher e criança na Terra."
Incluído nos Principia
Discordia há um "cartão de PAPA oficial" (página 00036) que
pode ser reproduzido e distribuído livremente. Porém, o Papado não é dado
através da possessão desse cartão — ele serve simplesmente para informar às
pessoas que alguém é um Papa da Discórdia genuíno e
autorizado.
Apesar de os poderes de um Papa não
serem necessariamente enumerados nos Principia, podemos ter alguma
ideia disso a partir de uma nota no cartão que diz, "Um PAPA é alguém que
não está debaixo da autoridade das autoridades." Alguns Discordialistas se
deram ao trabalho de elaborar mais sobre os poderes de um Papa. Atrás de alguns
cartões Papais, a seguinte mensagem pode ser encontrada:
"Os direitos de um PAPA incluem,
mas não se limitam a:
1. Invocar
infalibilidade a qualquer momento, inclusive retroativamente.
2. Reformar
completamente a igreja Erisiana.
3. Batizar,
enterrar, e casar (com a permissão do falecido nos últimos dois casos).
4. Excomungar,
desexcomungar, reexcomungar, e desreexcomungar tanto a si mesmo quanto a
outros.
5. Efetuar
qualquer rito e função considerada inapropriada para um Papa de
Discórdia."
O terceiro direito (precisar de
permissão do falecido em casos de enterro ou casamento, mas não de batismo)
pode ser uma referência à prática da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos
Últimos Dias de batismo dos mortos. Também pode ser uma referência de que
casamento é equivalente a morte.
Esse entendimento da noção de Papa tem
grandes consequências no Discordianismo. Por exemplo, a introdução dos Principia
Discordia diz que "Só um Papa pode canonizar um Santo. […] Então
você pode ordenar a si próprio — e qualquer um ou qualquer coisa — um
Santo." O último dos direitos enumerados de um PAPA pode ser uma alusão ao
"necessary and proper clause" da constituição dos EUA.
Uma versão feminina, com a
palavra Mama em vez de "Papa", também foi
promulgada; porém a versão neutra ainda não foi escrita. Sexos alternativos vão
precisar de modificações adicionais das regras imaleáveis.
Conclusão
O discordianismo é
impossível de ser explicado, aliás se fosse possível seria apenas mais uma
seita sobre a compreensão do mundo, muitos afirmam que ele veio a se contrapor
a esse pensamento. Logo qualquer coisa que você ler sobre esse tema, até mesmo
esse texto, não será de grande relevância, e como diz o segundo mandamento do
Princípio Discórdia: "Um discordialista é proibido de acreditar naquilo
que lê".