O Eterno Retorno é um
conceito filosófico que remete a ideia que todas as coisas têm uma ordem
cíclica. Ou seja, tudo em certo momento tende a se repetir, cada nascimento é
posterior a uma morte e cada morte é posterior a um nascimento.
No ocidente temos essa
ideia divulgada pela primeira vez no século 3 a.C. pelo estoicismo, que
resumidamente é uma corrente filosófica
que nos diz que devemos viver de acordo com a ordem natural, pois, eles ensinavam
que tudo estava enraizado a natureza. E esta por seu caráter repetitivo, foi à
base para o primeiro pensamento sobre o eterno retorno.
Mais tarde na Alemanha,
Nietzsche analisou novamente essa ideia, sendo considerado seu mais profundo e
amedrontador pensamento, que apareceu em diversas obras, mas em especial no
livro Gaia Ciência, onde é evidenciado por este trecho:
"E se
um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e
te dissesse: "Está vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás
de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de
novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de
indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na
mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as
árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da
existência será sempre virada outra vez, e tu com ela, poeirinha da poeira!”“.
Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te
falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderias:
"Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento
adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te
triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda
uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o
teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida,
para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?"
Diferente
dos estoicos, Nietzsche dá um aspecto mais sombrio e realista ao pensamento.
Pois, diferindo dos filósofos clássicos, ele não relaciona as repetições ao
modo de como a natureza funciona, mas sim a fatores sociais e individuais,
visto que ele acreditava estarmos sempre presos a um número limitado de fatos,
fatos estes que se repetiram no passado, ocorrem no presente e se repetirão no
futuro, como por exemplo, guerras, epidemias, dominação social, etc.
Para
ele o mundo não era feito de polos opostos, mas sim de faces complementares de
uma mesma, diversificada, porém única. Todas as formas humanas de interpretar a
realidade como: bem, mal, sofrimento e prazer, não passavam de instâncias
fadadas a eterna repetição. Porque como a realidade/existência não tem objetivo
(até porque se tivesse já teria alcançado) a alternância não tem fim.
Apesar
de Nietzsche ter deixado esse conceito incompleto, é possível analisar a
questão moral a cerca do individuo, este fadado ao um ciclo interminável de
fatos distribuídos de forma indefinível, tem como ultimo recurso o questionamento
da ordem das coisas e posteriormente o poder da VONTADE, como fica evidenciado no trecho "quero isto ainda uma vez ou inúmeras vezes?".
Resumidamente
o único jeito de quebrar o eterno retorno é por meio de uma atitude
impulsionada pelo querer, posterior a uma análise de fatores internos e
externos. Caso seu modo de vida atual não lhe agrade, e você se sinta
estagnado, será necessária uma mudança radical no seu modo de viver, dessa forma
quebrando o antigo ciclo, assim permitindo que sua vida comece a caminhar para
frente.