Nos primeiros séculos de nossa Era, temos
o início dos relatos de bruxaria e com isso o surgimento das tão temidas
bruxas, ainda não como conhecemos, mas já de uma forma equivalentemente
assustadora. Nas lendas gregas essa figura mitológica apresenta-se de forma
animalesca como mulheres
que voavam de madrugada, ávidas de carne e sangue humanos.
Na idade média,
temos as servas de Satã, mulheres horríveis que serviram de base para diversos
contos de fada e historias. E claro que depois da invenção do cinema esse ser
mitológico tão magnifico não poderia ficar de fora, porém em muitas dessas histórias
vemos um padrão falso e repetitivo, além de desmoralizante, que remonta um
pensamento vindo da era medieval em que bruxas eram sinônimas de algo maléfico.
Ficou conhecido
então aquele arquétipo da bruxa vilã, feia, nariz pontiagudo e com ódio de tudo
que é puro, semelhante à famosa Bruxa Malvada do Oeste, do Mágico de Oz. Mas claro,
nem todas as histórias caem nesse lugar comum e separamos alguns filmes aqui
que são prova disso.
As
Brumas de Avalon (The Mists of Avalon – 2001, Uli Edel)
Sinopse: Adaptação do best-seller de Marion
Zimmer Bradley, o filme relata a lenda do rei Arthur sob o ponto de vista de
Morgana (Julianna Margulies), irmã de Arthur que foi separada deste para ser
treinada por Viviane (Anjelica Huston), a dama do lago, para se tornar uma
sacerdotisa de Avalon, que perde seu poder místico a cada dia. Portanto, a luta
de Merlin e Viviane para manter a religião da Deusa viva tem de enfrentar
os obstáculos gerados por interesses pessoais e pela sede de poder de
alguns.
Comentário: Esta é considerada por muitos a melhor
versão da lenda do rei Arthur, que tira as personagens feiticeiras, especialmente
Morgana, da visão maléfica tanto conhecida, mostrando seu ponto de vista sobre
os acontecimentos, e enfatizando o momento de ascensão do cristianismo e a
perca gradual de espaço da antiga sabedoria pagã e com isso a entidade daquele
povo.
Jovens
Bruxas (The Craft – 1996, Andrew Fleming)
Sinopse: Três jovens de um colégio suburbano de Los
Angeles tentam formar um pequeno coven bruxo, mas somente com a chegada de
Sarah (Robin Tunney), uma bruxa de nascença, conseguem que o círculo seja completo.
A partir daí, elas viram amigas e começam a praticar magia, mas sua falta de
experiência leva as quatro meninas em apuros com consequências terríveis.
Comentário: O filme inspirou muitas jovens dos anos 90
que não conheciam nada sobre bruxaria, além dos clichês tanto difundidos. Ele
foi baseado na wicca, com consultoria de Pat Devin, uma sacerdotisa Diânica, membro do Coven
Ashesh Hekat. Apesar de alguns elementos terem sido mudados, como os crucifixos
no lugar de pentagramas, no ritual da praia são usadas verdadeiras
invocações wiccans (com algumas modificações, como por exemplo o nome de um
deus fictício), o que provocou reações que assustaram a própria produção. Nas
palavras do diretor: "quando tentávamos rodar a cena da praia, as ondas do
mar ficavam mais intensas e chegaram a assustar as atrizes. No exato momento
quando o personagem de Fairuza (Nancy), diz: "Manon me completa",
caiu a luz e a cena teve que ser feita novamente. Foi algo muito
estranho".
Elvira: A
Rainha das Trevas (Elvira: Mistress of the Dark – 1988, James
Signorelli)
Sinopse: Elvira (Cassandra Peterson) é a
anfitriã de um programa de baixo orçamento sobre filmes de terror, mas tudo
pode mudar quando ela recebe de sua tia uma herança, que a leva para a pacata
cidade de Fallwell, onde encontra sérios problemas com a comunidade conservadora,
que a acusa de bruxaria, e com seu tio, Vincent Talbot (William Morgan
Sheppard), sedento por poder.
Comentário: Elvira é um clássico da sessão da tarde e
tem uma ótima combinação de humor e referências do cinema de terror, como a
nomeação do personagem Vincent Talbot em homenagem aos atores Vincent Price e
Lyle Talbot. Além disso, a personagem Elvira já existia antes mesmo do filme,
sendo anfitriã de sessões de terror na TV, como era feito muito antes por
outras moças sexys e macabras, como a Vampira (Maila Nurmi).
Quem tiver interesse
de conhecer um pouco sobre esse programa de terror, recomendo o filme Ed Wood de
Tim Burton.
Da Magia à Sedução (Practical Magic – 1998, Griffin Dunne)
Sinopse: Sally (Sandra Bullock) e Gillian
(Nicole Kidman) Owens são irmãs e bruxas que carregam uma terrível maldição de
família: os homens por quem se apaixonam estão condenados à morte. Já adultas,
elas decidem usar magia para quebrar essa antiga maldição.
Comentário: O filme é baseado no romance de 1995 do
mesmo nome de Alice Hoffman, e veio acompanhando a onda de filmes dos anos
90 sobre bruxaria, mostrando personagens bruxas sem a visão deturpada dos
contos de fadas, e como essas personagens têm de encarar desde cedo o
preconceito e ignorância acerca de suas práticas.
As Bruxas de
Salém (The Crucible – 1996, Nicholas Hytner)
Sinopse: Em Salem, Massachusetts, 1692, algumas
jovens provocam uma histeria coletiva que desperta uma cruel caça às bruxas.
Uma delas, Abigail Williams (Winona Ryder), tinha se envolvido com John Proctor
(Daniel Day-Lewis), um fazendeiro casado, quando trabalhou para ele, mas após o
fim do caso foi despedida. Assim, desejava a morte de Elizabeth Proctor (Joan
Allen), a esposa deste, e faz várias acusações até ver Elizabeth ser atingida.
Comentário: O filme retrata algo que realmente
aconteceu. Trata-se de uma época dominada pelo Martelo das Bruxas, livro
responsável pela perseguição contra tudo que não era cristão. Salem é o melhor
exemplo das proporções de injustiça que uma paranoia pode tomar.